Bota Calor

O silêncio típico da Biblioteca apenas foi quebrado por um: “Então tu é que és o João?”
Confesso que de todos os lugares na Florida onde menos esperava ouvir falar Português era na Biblioteca Municipal de Titusville (Center of the World) e ainda por cima sabia o meu nome. Longe estava eu de imaginar que tal surrealista caminho do destino nos traria tanta cumplicidade. A postura perante a adversidade, o requintado gosto pelas coisas simples da vida e o espírito aventureiro, rapidamente nos tornou “Parceiros no Crime”.
Com a mesma bravura e espírito de missão dos primeiros Navegadores, juntos sobrevivemos a “You guys want to take me home”, Canoagem nocturna com os Crocodilos, andar de bicicleta na auto-estrada e Brooklyn Bridge às 2:30h sob temperaturas negativas. Atravessamos estados a velocidades supersónicas sem multas, subimos ao topo do Mount Michael e ganhamos corridas de 3 pernas. Enfrentamos tempestades Fay´s e tratamos New York por “tu”. Banqueteamo-nos com atum e cebola picada, Aligator nugguts, salsicha cozida em cerveja e até fugir à noite do hospital só para ir comer panquecas ao Waffle House.
“Flaps clean e Full Throtle” …e já em velocidade cruzeiro nada podia parar a “Tuga Crew”.
AI, AS, VSI, DG, GPS, MFD, VOR, NDB, ADF, EGT, FG, RPM, MP, ELT… Preflight, Prestart, Engine Start, Instrument Cockpit Check, Ramp, Taxi, Run-up, Line-up, Climb and Cruise Check… Power Lost, Power Off, Engine and Electrical Fire, Vacuum Pump Failure, Fuel and Oil Pressure Loss, Spin Recovery… piece of cake!!
Ainda que sem os “Ray-Ban...” mas com a mesma confiança na voz de quem já à 500 anos desbravava os Oceanos em busca do desconhecido, a 1ª Tripulação 100% Tuga a “desflorar” os Céus Florianos, obteve distinção máxima no cumprimento da missão, deixando aqui a certeza que em quaisquer outra parte do mundo novas aventuras virão.
Tem asas…? Voa…? …então “bota calor”!

Voo 1000

Várias vezes encontramos contratempos em que é necessário improvisar, falhas mecânicas impossíveis de prever, mau tempo, turbulência, tempestades…

Nem sempre tudo é maravilhoso e perfeito, tudo faz parte do “Voo” o mais importante é reconhecer o quanto é lindo um dia de Sol depois da Tempestade.

Voo Mil! Parece que foi ontem mas não, 20meses, 620dias, 14880horas, mil dúvidas, mil saudades, mil lágrimas, mil dificuldades, mil esperanças, mil descobertas, mil alegrias, mil sorrisos de felicidade.
A êxtasiante sensação de chegar, alcançar, conquistar, dever cumprido!

Ao olhar para trás percebo que repetia tudo de novo… e revitalizo-me para novos “Voos” certo que muitos mais “Mil” virão.

Tudo isto faz parte da “Viagem” e muito mais… o importante é Voar… e bem Alto!!

Blue Ridge Mountain

Ao contrário do que todos nós pensávamos, o mais importante feriado dos Estados Unidos “Independence Day”, também conhecido pelo 4 de Julho, não foi o dia em que os Americanos expulsaram os extras terrestres, nem tão pouco o dia em que nasceu aquela versão do Tom Cruise que ficou paraplégico durante a Guerra do Vietnã …héhéhé!! :)

Os 4 dias de feriado levaram a dupla Lusa às Terras do Chamado “Sul Profundo”. Piloto e co-piloto tinham as licenças em dia e como “bons Tugas” havia que manter velocidades Supersónicas que encurtariam a viagem em 2/3 do previsto.

De registar a nocturna “passagem despercebida” pela Geórgia e a rápida paragem na Carolina do Sul, onde o cozinheiro estilo recauchutador de pneus pegou na sua caixa de ferramentas e nos preparou um Waffle de “origem duvidosa” que teve de ser comido à pressa antes que viesse a ASAE e nos levasse a todos presos!

O Sol do amanhecer deixava a descoberto a deslumbrante Paisagem verde montanhosa a perder de vista! Fizeram parte do roteiro o banho fresquinho nas maravilhosas Cascatas e a subida ao Mount Mitchell, (ponto mais Alto a Este do Rio Mississípi 6684ft.)

Katie, a nossa simpática e acolhedora anfitriã, encaixava-se perfeitamente nesta pequena Cidade, mescla única de diversidade alternativa pro-ambiental chamada Asheville.

Após um prévio treino intensivo de 4 minutos de adaptação a esta desconhecida modalidade, mais uma vez a dupla Lusa deixou a sua marca ao vencer com distinção a tradicional corrida das 3 pernas… :)

Com os “Verdes e os Lagos” ainda na cabeça sonhava recordando outros lugares… outras memórias… Apenas a já habitual abordagem de um simpático septuagenário no Supermercado agradecendo calorosamente o “maravilhoso serviço além fronteiras prestado pelas “NOSSAS” tropas em defesa da nação” me fez relembrar que já estava de volta ao Center of the World, Titusville pois claro!

Até que podia ser, …mas o Gerês Infelizmente não era …e na Florida não á montes assim!

Love my Job!

Há gente que fica na história da gente!!

As coisas vulgares que há na vida Não deixam saudades
The common things in life aren't missed
Só as lembranças que doem Ou fazem sorrir
only the memories that make us hurt or those which make us smile
Há gente que fica na história na historia da gente
there are people who stay in story in our (life) story
e outras de quem nem o nome lembramos ouvir
and others who's name we don't even remember to have heard
São emoções que dão vida A saudade que trago
these are the emotions that bring life the "missing" I carry with me
Aquelas que tive contigo e acabei por perder
those (emotions) that I had with you and that by the end I've lost
Há dias que marcam a alma e a vida da gente
There are days that seal our soul and life
e aquele em que tu me deixaste não posso esquecer
and the one that you've left me I can’t forget
A chuva molhava-me o rosto Gelado e cansado
The rain wet my face (that was) frozen and tired
As ruas que a cidade tinha Já eu percorrera
the streets of the city I've already crossed
Ai... meu choro de moça perdida gritava à cidade
ai... my cry of lost young girl screamed to the city
que o fogo do amor sob chuva há instantes morrera
that the fire of love under the rain had just died
A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade
the rain heard and kept silence (about) my secret to the city
E eis que ela bate no vidro Trazendo a saudade
and then it knocks on the window bringing "missing"

Flash Gordon & Co. in Miami

Se Maomé não vai à montanha… Vem a montanha à Florida!

O voo de 18h e com 3 escalas não fez desanimar o espírito da missão Lusitana.

Ocean Drive Miami, Shark Valley Everglades, Universal Studios, Kennedy Space Center, Cocoa Beach e Seaworld, foram apenas alguns dos locais desfrutados pelas tropas desembarcadas na terra dos Aligators.

O tempo era pouco e as aventuras sucederam-se a um ritmo alucinante. Talvez por isso e ainda que por vezes possuído pela energia de Baco, Flash Gordon deslocava-se socializando entre as massas femininas a uma velocidade supersónica.

É verdade que não houve tempo para ir ver manas ao Hooter´s nem para dar uma espreitadela ao “Cheeters”, mas os rabinhos do Kelsey´s, o improvisado aquartelamento em Miami e os sofisticados jantares do 8º andar são inesquecíveis momentos que ficarão para a posteridade.

De braços e coração aberto, Maomé espera agora que a “montanha de amigos” continuem a vir à Florida, trazendo a boa disposição e o espírito insaciável de muitas mais aventuras loucas para Viver!

É claro que todas estas Florianas Aventuras nada se comparam a um sweet e maravilhoso “Conch Under the Bridge in Nassau”, mas essa é outra história que ainda nem sequer sei se o “Lápis Azul” vai deixar passar…

Living on the edge!

“Inventing something that fly… is nothing! Built it… is something! But fly it? …is everything!”
Qualquer comum avião, pequeno ou grande, voa com as Leis da física, o fluxo de ar ao passar pela asa cria uma baixa pressão que resulta numa força ascendente…, simples não?
Impossível seria acreditar qual a mente perversa que dominada por forças satânicas e ainda que contrariando o amigo Newton, seria capaz de conceber a demoníaca maquina a que vulgarmente todos chamamos de Helicóptero!
Como se este facto por si mesmo não basta-se, o “parceiro” do lado tenta incansavelmente a todo o momento por termo á tua feliz existência, é claro que mesmo sem saberem uns alunos “esforçam-se” nesta tarefa mais que outros! Quais desportos radicais qual quê, num dia normal apenas me tentam matar 3 a 4 vezes!
É claro que momentos como o nascer do Sol visto lá de cima em uma bela manha de nevoeiro não têm preço.

Inevitavelmente este “Living” muito para lá do “Edge” consome todas as energias, lá vou eu ter que voltar a guardar na prateleira os óculos de caça submarina e adiar por mais uma vez o meu estudo da população feminina Latino-Americana…héhéhé!

“Eu estive lá…”

4 de Fevereiro, faz hoje um ano que olhei para trás e a única coisa que articulei foi um “então Tchau", pela janela vi a Portela pela ultima vez, apenas com a certeza que daqui para a frente tudo seria diferente. Impossível imaginar o quanto!
Missão: Flight Instructor of the Military Training Program. (Providenciar treino de Voo Militar à força Aérea Colombiana)
Title: Comandante (Para os alunos “somos” todos Comandantes…)
Call Sign: SpidermMan (claro que tem tudo a ver com a história da Aranha Malvada que quase me derrotava)
A Janela do escritório é soberba. Lá do alto reaprendemos a olhar para as coisas terrenas de uma “forma diferente”. Sou feliz á minha maneira, faço o que mais gosto, cumpro o meu sonho!
Nunca é demais agradecer aos que “apesar de longe estão sempre comigo…” bem perto do meu coração!
É claro que nem todos podem dizer: “eu estive lá”, esse privilégio fica apenas ao alcance dos ousados aventureiros que sabem que as oportunidades ou se agarram ou se perdem, que o tempo não volta para trás, que os segundos não param e que nesta vida só se vive UMA VEZ...!!

The Big Apple

Finalmente o descanso do guerreiro numas mini férias à tanto desejadas, não as suficientes para voltar a provar o gostinho a Bacalhau do outro lado do Atlântico, porem as suficientes para sair do buraco chamado Titusville “The Centre of the World”.
Azimute Washington DC! É verdade que não vi o Bush, até porque está de malas á porta, mas deu para perceber que a Casa Branca é de facto… Branca! háháhá!!
Salientar os maravilhosos Noodles (feitos pelo master Kung-fu do bairro chinês com uma arte de enrolar a massa de fazer corar qualquer Black Ninja) e os mais de 30.000 museus que se podem visitar livremente sem pagar!
A Grande Maçã chamava-nos, tentava-nos a pecar… e nós pecamos!!
Clítoris foi uma das duas bikes carinhosamente baptizada que nos levou a conhecer os mais imagináveis recantos da Ilha de Manhattan, completamente inacessíveis para quaisquer comum mortal turista Nova Yorquino. Brooklin Bridge às 2:30h da madrugada e arrozinho dos pobres em Six th Avenue ficarão para sempre guardadas.
Impossível descrever por palavras a energia frenética de 60km quadrados habitados por milhão e meio de pessoas, maior densidade populacional de todos os estados unidos… Nunca uma expressão assentou tão perfeitamente bem: “The City that never Sleeps”
Os 16º Célsius negativos, fizeram alterar os planos do “Ball Drop” de Times Square às 00h, por um maravilhoso banquete e respectiva real anfitriã Nova Yorquina.
As Surreais Loucas Noites seguiram-se e já em jeito de velocidade cruzeiro os Navegadores destemidos mesmo que sem os óculos Ray-Ban nem os de Caça Submarina, movem-se agora pela Grande Maçã melhor do que quaisquer entregador de pizzas…